terça-feira, junho 13, 2006

"O plátano de Münster" " Münster´s platan" photo-seetting-1996


Repousei um dia à sombra de um plátano em Münster entre um tapete maravilhoso de folhas, que essa enorme árvore deixara cair no Outono e lembrei-me de outra folha: A folha de Limba- de outra árvore dos Cárpatos, de uma árvore que quase foi exterminada entre arames farpados e torres de vigia, mas resistiu e veio a encher milhares de pedaços de papel de pergaminho a negro, negro, dourado e quando o pássaro começou a cantar, quase como que antevendo a partida pelos céus eternos, finalmente coloriu e encantou os céus cá e lá. Essa ave era um grande amigo: O Devi Tuszynski!


Poema que acompanha a montagem acima, da minha autoria.

Título: " O plátano de Münster"

Repousei sobre as folhas secas do velho plátano
e dormitei!
Foi então que a secular árvore me contou a sua
dolorosa memória...
Cada folha eras como um filho que partira.
Erguera os seus esguios e nus braços
em súplica ao céu!
numa ânsia de
os poder um dia revisitar.
Aquela velha árvore não se esquecera
dos gritos lancinantes
dos filhos arrancados à força
dos braços das suas mães
e comparara-os às suas folhas.
Sussurrou-me então,
que não deixasse os homens esquecerem
as atrocidades passadas
em nome de raça, nação etnia
ou o que fosse!
porque todos os seus filhos
haviam partido do mesmo tronco
e haveriam de descer ao pó da terra
em igual condição.

Renato Paz, Münster, Outubro de 1996



a montagem acompanha um poema dedicado A Devi e foram ambos oferecidos à UNIVERSIDADE DE COIMBRA

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